segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ciclo folha de Cinema e Jornalismo

A partir da próxima terça-feira, dia 1º de setembro, a Folha de S.Paulo e o Espaço Unibanco de Cinema dão início ao Ciclo Folha Cinema e Jornalismo, que celebra os 20 anos da função de ombudsman do jornal Folha de S.Paulo.

Com exibição do longa-metragem Cidadão Kane, de Orson Welles, a abertura do Ciclo será seguida de debate com Carlos Eduardo Lins da Silva, ombudsman do jornal Folha de S.Paulo e Sergio Rizzo, crítico de cinema.

O tema jornalismo está presente em todos os filmes da programação, que tem sessões sempre às terças-feiras, às 19h30, na sala 3 do Espaço Unibanco de Cinema, com entrada Catraca Livre.

Abaixo segue a programação completa do ciclo
Ciclo Folha Cinema e Jornalismo
De 01 de setembro a 31 de novembro
Entrada Franca - Sempre às 19h30
Espaço Unibanco de Cinema – Sala 3 – Rua Augusta, 1475 – Cerqueira César

Dia 01/09 (Terça-feira)
19h30 – CIDADÃO KANE (Citizen Kane) – 35mm
Diretor: Orson Welles – EUA – 1941 – 119 min. – 12 anos
Elenco: Orson Welles, Joseph Cotten e Dorothy Comingore
Sinopse: Baseado na vida do magnata das comunicações William Randolph Hearst, conhecemos a história de Charles Foster Kane, o homem que construiu um império a partir do nada, mas que vivia uma vida pessoal extremamente ruim. Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro, é considerado um dos filmes mais importantes da história.
Após a sessão haverá debate com Carlos Eduardo Lins da Silva (ombudsman do jornal Folha de S.Paulo) e Sergio Rizzo (crítico de cinema)




Dia 08/09 (Terça-feira)
A MONTANHA DOS SETE ABUTRES (Ace in the Hole) - VHS
Diretor: Billy Wilder – EUA – 1951 – 111 min.
Elenco: Kirk Douglas, Robert Arthur e Porter Hall
Sinopse: Charles Tatum é um repórter que aceita um emprego num pequeno jornal do Novo México. O trabalho é bastante monótono, até que ele encontra um homem preso numa mina. Ele vislumbra a possibilidade de, ao prolongar a permanência do mineiro dentro dos escombros, a chance de se tornar famoso.



Dia 15/09 (Terça-feira)
A DOCE VIDA (LA Dolce Vita) – 35mm
Diretor: Federico Fellini – Itália/França – 1960 – 174 min.
Elenco: Marcelo Mastroianni e Anita Ekberg
Sinopse: A cultura italiana vista através da figura de um jornalista, amante inveterado, que se depara com a histeria do povo, resultado da possível ocorrência de um milagre. Palma de Ouro no Festival de Cannes.





Dia 22/09 (Terça-feira)
TERRA EM TRANSE – 35mm
Diretor: Glauber Rocha – Brasil – 1967 – 106 min.
Elenco: Jardel Filho, José Lewgoy e Paulo Autran
Sinopse: Eldorado, país fictício da américa latina, é um cenário de metáforas de um Brasil de corruptos que lutam pelo poder. A história é visto por um cínico jornalista, perdido entre a elite insana e o povo ignorante.



Dia 29/09 (Terça-feira)
PASSAGEIRO: PROFISSÃO REPÓRTER (Profissione: Reporter) – 35mm
Diretor: Michelangelo Antonioni – Itália/França/EUA/Espanha -1975 – 126 min.
Elenco: Jack Nicholson, Maria Schneider e Ian Hendry
Sinopse: Cansado da sua própria vida, o jornalista David Locke está cobrindo uma guerrilha na África e resolve assumir a identidade de um colega, quando este morre, envolvendo-se em uma perigosa trama.



Dia 06/10 (Terça-feira)
AUSÊNCIA DE MALÍCIA (Absence of Malice) - DVD
Diretor: Sydney Pollack – EUA – 1981 – 116 min.
Elenco: Paul Newman, Sally Field e Bob Balaban
Sinopse: Homem acorda e vê em matéria de jornal sua vida investigada profundamente. Todas as provas levam a ele. Junto da repórter, eles investigam o caso e o mistério atrás do fato.



Dia 13/10 (Terça-feira)
SALVADOR – O MARTÍRIO DE UM POVO (Salvador) - DVD
Diretor: Oliver Stone – EUA – 1986 – 123 min.
Elenco: James Woods, James Belushi e John Savage
Sinopse: No cenário da guerra civil de El Salvador, jornalista fracassado tenta recuperar seu prestígio fazendo uma cobertura apurada. Ele documenta então as várias tragédias da guerra: a morte de um repórter fotográfico, o assassinato de religiosos e a invasão de cidades. O filme recebeu indicações para os Oscars de melhor roteiro e ator.



Dia 20/10 (Terça-feira)
NOS BASTIDORES DA NOTÍCIA (Broadcast News) - DVD
Diretor: James L. Brooks – EUA – 1987 – 133 min.
Elenco: William Hurt, Albert Brooks e Holly Hunter
Sinopse: O dia-a-dia de uma redação de jornalismo numa emissora de televisão. Entre a correria de colocar no ar todas as manchetes do dia, desenvolve-se uma trama que envolve romance, vaidade e disputas.



Dia 10/11 (Terça-feira)
FEITIÇO DO TEMPO (Groundhog Day) - DVD
Diretor: Harold Ramis – EUA – 1993 – 101 min.
Elenco: Bill Murray, Andie MacDowell e Chris Elliot
Sinopse: Jornalista vai com equipe para pequena cidade cobrir tradição local chamada ”dia da marmota”. Ele passa a acordar sempre neste mesmo dia, o que gera alegrias e desesperos.


Dia 17/11 (Terça-feira)
O CUSTO DA CORAGEM (Veronica Guerin) - DVD
Diretor: Joel Schumacher – EUA/Irlanda/Inglaterra – 2003 – 98 min.
Elenco: Cate Blanchet, Gerard McSorley e Barry Barnes
Sinopse: Cinebiografia da jornalista irlandesa que foi ameaçada por expor as ligações do tráfico de drogas com o governo de seu país


Dia 24/11 (Terça-feira)
O PREÇO DE UMA VERDADE (Shattered Glass) - DVD
Diretor: Billy Ray – EUA – 2003 – 103 min.
Elenco: Hayden Christensen, Chlöe Sevigny e Rosario Dawson
Sinopse: Stephen Glass é um jornalista que consegue entrar para a equipe principal do jornal The New Republic, de Washington. Entretanto, dos anos em que trabalha na redação, mais da metade dos textos de sua autoria ou foram inventados ou copiados, o que não impede seu crescimento. Porém sua fama vai por água abaixo após sua farsa ser descoberta.


Dia 31/11 (Terça-feira)
BOA NOITE, BOA SORTE (Good Night, and Good Luck) – 35mm
Diretor: George Clooney – EUA – 2005 – 93 min.
Elenco: George Clooney, David Strathairn e Robert Downey Jr.
Sinopse: Edward R. Morrow é um âncora de TV que, em plena era do macarthismo, luta para mostrar em seu jornal os dois lados da questão. Para tanto ele revela as táticas e mentiras usadas pelo senador Joseph McCarthy em sua caça aos supostos comunistas. O senador, por sua vez, prefere intimidar Morrow ao invés de usar o direito de resposta por ele oferecido em seu jornal, iniciando um grande confronto público que trará conseqüências à recém-implantada TV nos Estados Unidos.

OBS: HAVERÁ UMA INTERRUPÇÃO NO MÊS DE OUT/NOV DEVIDO A MOSTRA INTERNACIONAL DE SÃO PAULO.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

DOCTV: Álbum de Família


Por: João Daniel Donadeli
Álbum de família é um documentário que visa resgatar os laços perdidos pela desestrutura familiar causada pela infidelidade e falta de compromisso da figura paternalista que “regia” a família do diretor.
Após a morte traumática de sua mãe por um câncer de mama contraído depois de uma separação frustrante, que teve inicio com as constantes traições do marido que simultaneamente convivia com três famílias, o diretor Wallace Nogueira, busca um reencontro com o pai, para reaver metaforicamente o álbum de família deixado em uma antiga fazenda onde a família costumava se reunir.
Esse encontro se dá na empreitada de uma viagem longínqua pelas estradas da chapada diamantina no interior da Bahia em direção a Fazenda, estrada que refaz as memórias de outrora e que liga Wallace a seu pai, um trajeto que visa não só a troca de experiências, sentimentos e memórias de convívio, mas também confidências que fazem aflorar um sentimento de culpa.
Um momento muito marcante desse documentário são as imagens captadas por Wallace no enterro de sua mãe, essas imagens são potencializadas pelo questionamento do pai pelo filho em off, onde se ouve o pai dizer que o câncer foi contraído pelo desgosto da mãe por sua má conduta e pela separação.
A proposta utilizada pelo diretor para revelar essa reaproximação com seu pai, são planos montados e encenados pelos dois sem que nenhum fale diretamente para a câmera ou para qualquer outro interlocutor, como se o espectador fosse um observador privilegiado desse diálogo cheio de emoção e revelações.
A partir de situações corriqueiras da vida de seu pai, como deixar de comprar um queijo para levar um filme fotográfico, Wallace busca demonstrar a importância que tem para a família, o registro fotográfico de um álbum familiar, porém contraditoriamente expõe a sua opinião com relação ao modelo familiar vigente que diz não acreditar.
Com o pretexto de reaver o álbum de família na verdade Wallace busca uma resposta para sua inquietude, desvelando sua intenção de suscitar a catarse e purgar toda a frustração que a morte de sua mãe lhe causou.
Por fim Álbum de família é um documentário que demonstra a ruína de uma família quando os interesses pessoais estão além dos interesses coletivos.
Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autor e Diretor: Wallace Nogueira
Co-produção: Wallace Nogueira Santos Silva Vogal Imagem IRDEB - TVE Bahia ABEPEC - Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais

DOCTV: O Rei do Carimã

Por: João Daniel Donadeli

O documentário “O Rei do Carimã” busca resgatar um acontecimento obscurecido por anos pela família da diretora Tata Amaral e que no dia do enterro de sua mãe vem à tona por um comentário de um de seus tios, esse acontecimento diz respeito ao já falecido pai da diretora, que na década de 1950 negociava resíduos de algodão conhecido como Carimã.

O comentário feito pelo tio revelava que no passado seu pai havia sido um homem bem sucedido e que por um negócio mal sucedido com uma empresa americana na aquisição de uma grande quantidade de Carimã teria sido processado por ter feito o pagamento com um cheque sem fundos e fugido para o mato grosso para não ser preso.

Esse fato motiva a diretora a empreitar uma busca para desvendar esse segredo guardado por anos por sua família e consequentemente a realização desse documentário.

Em conversas informais com seus tios, o segredo vai sendo desvendado e causando uma inquietação maior na diretora, em um primeiro momento somos apresentados a Joaquim Amaral (Pai) um jovem bem quisto e admirado pela família e que aspirava sua predileção empreendedora, mas logo após tomamos conhecimento de novos fatos e o documentário tem um novo foco, não mais um segredo de família e sim um inquérito policial.

Alternadamente, enquanto as imagens revelam a busca de um pai desconhecido, na ilha de edição Jean Claude Bernardet, põem a diretora no divã questionando-a quanto a sua motivação em fazer o documentário colocando assim o filme num plano metalingüístico e expondo a sua construção.

O Rei do Carimã expõe intensamente a diretora que torna público um segredo escondido por anos em família, mas a maior exposição de Tata é quando recebe a noticia da condenação de seu pai por estelionato, sua lagrimas correm pelo rosto enquanto uma voz off, possivelmente de sua filha diz: “não acho que isso deva aparecer no documentário”.
Com o processo resgatado em mãos sabemos que seu pai havia de varias formas tentado fazer o acerto de contas, porém a inflexibilidade da empresa americana impossibilitava qualquer negociação levando o processo até as últimas.

O mais intrigante nesse documentário não é a questão de uma diretora renomada expor sua intimidade familiar em um documentário mesmo que fosse para limpar publicamente o nome de seu pai, e sim a questão que surge sobre a convivência da filha com o pai que não lembra nem mesmo se teria participado de seu enterro, e até a realização desse documentário não havia nem mesmo visitado sua sepultura, aparentemente a maior motivação para a realização desse filme é a aproximação da filha com o pai que não conheceu.

Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autora e Diretora: Tata Amaral
Co-produção: Tata Amaral Tangerina Entretenimento Fundação Padre Anchieta – TV Cultura


DOCTV: O Sol Sangra


Por: João Daniel Donadeli
A Estrada de ferro Carajás, que interliga as cidades de Parauapeba-PA a São Luís-MA é sem dúvida um agente causador de reminiscências. Homens que vão em busca de sonhos e Homens que voltam para matar a saudade, um conglomerado de sentimentos que transcendem o plano real e trafegam entre o espaço e o tempo, pelo sim e pelo não.
Toda a ansiedade e nervosismo que antecedem uma viagem se dissolve à medida que partimos e não mais somos detentores do tempo, dali pra frente estamos sujeitos a outra temporalidade a outra maneira de perceber o tempo o que nos faz regressar e consultar nossas memórias, mas também visitar a louca da casa e nos deixar levar pela imaginação. Imaginação que nos conduzem a nossa subjetividade na construção de um universo imagético e atemporal.
Essa é a proposta do documentário “O sol Sangra” de Val Barros, que busca por meio da metáfora do trem mostrar as subjetividades e memórias não só daqueles que trafegam na Estrada de ferro Carajás como suas próprias memórias.
O sol sangra é construído com imagens do trem em movimento sempre do ponto de vista de quem viaja, ou seja, a paisagem em movimento. Essas imagens são alternadas com imagens encenadas por pessoas simples e com muita naturalidade sugerindo suas próprias memórias.
Com toda a sutileza e ponderação Val, também é um personagem de seu próprio filme apresentando suas memórias e refletindo sua imagem nas passagens do trem, uma das cenas mais lindas do filme é a do garoto que observa seu pai partir à cavalo e voltar para buscá-lo, lembrança de infância da diretora.
Planos com movimentos lentos e detalhados dirigem o olhar do espectador e geram expectativas conduzindo a narrativa de maneira ativa fazendo com que os cinqüenta e dois minutos do filme pareçam quinze.
O mais surpreendente nesse filme são as fotos que choram, fotos que revelam Val, e seus irmãos diante de um pequenino caixão com o irmão falecido, essas cenas são de uma genialidade que somente uma mulher com toda a sua sensibilidade estética poderia nos proporcionar, a continuidade desse plano são crianças no trem além de uma mãe alimentando seu filho como se aquela imagem fúnebre e triste desse lugar a um renascimento com a mãe amamentando uma nova vida.
O sol sangra é um documentário silencioso e contemplativo onde os únicos ruídos que se ouve são aqueles que pertencem a própria cena sem trilha sonora ou depoimentos em of, mas no entanto é um filme que fala muito e que encanta por sua bela fotografia e encenações, um conjunto harmônico que faz aflorar toda a competência da diretora que estreia com chave de ouro.
Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autora e Diretora: Val Barros
Co-produção: Valdenira Barros Zen Comunicação Empresa Brasil de Comunicação – TV Brasil ABEPEC - Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais

DOCTV: De Barra a Barra


Por: João Daniel Donadeli
Desde a chegada das estradas e do transporte rodoviário, a canoa de tolda, símbolo das águas do baixo São Francisco que compunha a paisagem do rio, esteve extinta. Herança dos holandeses, no passado navegava pelo Velho Chico transportando cargas e passageiros e compondo o imaginário daqueles que à viam da margem.
Com a iniciativa da ONG “Canoa de tolda”, uma das poucas canoas que resistiu ao tempo, passou por um longo processo de reforma antes de voltar a navegar. Denominada Luzitânia, a canoa centenária refez o trajeto de Barra a Barra que foi registrado no documentário dirigido por Carlos Eduardo Ribeiro, um dos idealizadores da ONG e principal responsável pelo projeto de reforma da canoa de tolda.
De Barra a Barra era a expressão usada pelos canoeiros para se referirem a longa viagem entre as cidades de Barra em Sergipe e Barra em Alagoas, viagem que somente os melhores canoeiros faziam.
O documentário que tem inicio com a partida da canoa em sua jornada para cumprir o trajeto entre o mar e o sertão, desponta a alegria de seus tripulantes em ver novamente um ícone do rio navegando pra “arriba” do sertão.
A paisagem exuberante novamente é composta pela canoa que da margem, pode ser vista navegando rio a cima levada pelo vento e pela emoção de seus ocupantes. No caminho novos personagens sobem a bordo e engordam as historias e a poética da viagem que é ditada pelo vento.
Histórias contadas a bordo mostram que a canoa teve seus tempos áureos quando personalidades históricas se deixavam levar pelas águas do rio São Francisco, como Lampião e seu bando que pegaram uma carona na velha Luzitânia durante suas muitas andanças.
Um incidente, durante a viagem muda o rumo das filmagens e acaba por ser a razão de encontros em terra firme com os artesãos ribeirinhos que demonstram suas práticas culturais para construírem embarcações e refazerem suas memórias.
Carlos também é personagem de seu próprio filme que na tentativa de revelar seus personagens também é revelado, sua paixão pela canoa vem a tona a medida que o documentário se desenvolve e podemos velo correndo de um lado para outro para manter a canoa navegando.
O dialogo entre os personagens carregado de um sotaque inconfundível e a simplicidade da vida ribeirinha revelam histórias cativantes e impensáveis, como a história narrada por um dos personagens que conta sua primeira vez numa sala de cinema.
A trilha sonora está tão bem alocada ao filme que é impensável dissocia-lá das imagens e do tempo fílmico que é conduzida pelo sopro do vento e pela resistência das águas.
Tanto como personagem como agente reveladora de nostalgias e emoções a canoa Luzitânia esta de volta as águas do velho Chico para além das oralidades, reavivando memórias e conduzindo antigos navegantes com idades avançadas a reviverem momentos de outrora e talvez a “derradeira” viagem.
Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autor e Diretor: Carlos Eduardo Ribeiro Jr.
Co-produção: Carlos Eduardo Ribeiro Jr. Canoa de Tolda TV Aperipê ABEPEC - Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais


"De Barra a Barra" (trailer) from aperipe tv on Vimeo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

FICCO - 2009


Estão abertas até o dia 30 de outubro as inscrições para o 7º Festival Internacional de Cine Contemporáneo de la Ciudad de México (Ficco). O evento acontece na capital mexicana de 24 de fevereiro a 7 de março de 2010. Serão aceitas as inscrições de longas-metragens de ficção e documentários que tenham sido realizados em 2009 e ainda não tenham sido exibidos no México. Mais informações e inscrições no site: www.ficco.com.mx.
Fonte: tela viva

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Exibição PERIFERIA.COM 20/08

Clique na imagem para ver com melhor resolução.

O Documentário PERIFERIA.COM será exibido na próxima quinta feira 20/08 no CINECLUBE PÓLIS.
Após a exibição haverá debate com os diretores: João Daniel e Alexandre Rampazzo.

Endereço do Cine Pólis
RUA ARAÚJO, 124, CENTRO
ESQUINA COM A GAL. JARDIM, PRÓXIMO AO METRÔ REPÚBLICA

Veja o teaser:

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Festival de Gramado - Vencedores

E Os vencedores do Festival de Gramado São:


Longa Metragem Brasileiro:

Melhor Filme: “Corumbiara” de Vincent Carelli
Melhor Diretor: Vincent Carelli por “Corumbiara” e Paulo Nascimento por “Em Teu Nome”
Melhor Ator: Leonardo Machado por “Em Teu Nome”
Melhor Atriz: Vivianne Pasmanter, por “Quase Um Tango...”
Melhor Roteiro: Sérgio Silva, por “Quase Um Tango...”
Melhor Fotografia: Katia Coelho por “Corpos Celestes”
Prêmio Especial do Júri: “Em Teu Nome”, de Paulo Nascimento
Melhor Diretor de Arte: Fabio Delduque, por “Canção de Baal”
Melhor Trilha Musical: Andre Trento e Renato Muller por “Em Teu Nome”
Prêmio da Crítica: “A Canção de Baal”, de Helena Ignez
Melhor Filme do Júri Popular: “Corumbiara” de Vincent Carelli
Melhor Filme do Júri de Estudantes de Cinema: “Corumbiara” de Vincent Carelli
Melhor Montagem: Mari Corrêa, por “Corumbiara”


Longa Metragem Brasileiro:

Melhor Filme: “Corumbiara” de Vincent Carelli
Melhor Diretor: Vincent Carelli por “Corumbiara” e Paulo Nascimento por “Em Teu Nome”
Melhor Ator: Leonardo Machado por “Em Teu Nome”
Melhor Atriz: Vivianne Pasmanter, por “Quase Um Tango...”
Melhor Roteiro: Sérgio Silva, por “Quase Um Tango...”
Melhor Fotografia: Katia Coelho por “Corpos Celestes”
Prêmio Especial do Júri: “Em Teu Nome”, de Paulo Nascimento
Melhor Diretor de Arte: Fabio Delduque, por “Canção de Baal”
Melhor Trilha Musical: Andre Trento e Renato Muller por “Em Teu Nome”
Prêmio da Crítica: “A Canção de Baal”, de Helena Ignez
Melhor Filme do Júri Popular: “Corumbiara” de Vincent Carelli
Melhor Filme do Júri de Estudantes de Cinema: “Corumbiara” de Vincent Carelli
Melhor Montagem: Mari Corrêa, por “Corumbiara”


Longa Metragem Estrangeiro:

Melhor Filme: “La Teta Asustada”, de Claudia Llosa
Melhor Diretor: Claudia Llosa, por “La Teta Asustada”
Melhor Ator: Horacio Camandule, por “Gigante” e Matías Maldonado, por “Nochebuena”
Melhor Atriz: Magaly Solier de “La Teta Asustada”
Melhor Roteiro: Adrián Biniez, por “Gigante”
Melhor Fotografia: Guillermo Nieto, por “Lluvia”
Prêmio Especial do Júri: “La Próxima Estación” de Fernando E. Solanas
Prêmio da Crítica: “Gigante”, de Adrian Biniez
Melhor Filme do Júri Popular: “Lluvia” de Paula Hernández
Melhor Filme do Júri de Estudantes de Cinema: “La Teta Asustada” de Claudia Llosa


Curta Metragem

Melhor Filme: “Teresa” de Paula Szutan e Renata Terra
Melhor Diretor: Paula Szutan e Renata Terra, por “Teresa”
Melhor Ator: Miguel Ramos, por “Teresa”
Melhor Atriz: Juliana Carneiro da Cunha, por “O Teu Sorriso”
Melhor Roteiro: Davi Pires e Diego Müller, por “Teresa”
Melhor Fotografia: Andre Luiz de Luiz, por “Ernesto no País do Futebol”
Prêmio Especial do Júri: “Olhos de Ressaca” de Petra Costa
Melhor Diretor de Arte: Diogo Viegas, por “Josué e o Pé de Macaxeira”
Melhor Trilha Musical: Leonardo Mendes, por “Josué e o Pé de Macaxeira”
Melhor Montagem: Gustavo Ribeiro, por “Teresa”
Prêmio da Crítica: “O Teu Sorriso”, de Pedro Freire
Melhor Filme do Júri Popular: “Josué e o Pé de Macaxeira” de Diogo Viegas
Melhor Filme do Júri de Estudantes de Cinema: “Olhos de Ressaca” de Petra Costa


Mostra Gaúcha:

Melhor Filme: “De Volta ao Quarto 666”, de Gustavo Spolidoro
Melhor Direção: Leonardo Remor, por “Sobre Um Dia Qualquer”
Melhor Ator: Nelson Diniz, por “Quiropterofobia”
Melhor Atriz: Sissi Venturin, por “Sobre Um Dia Qualquer”
Melhor Roteiro: Davi Pires e Diego Müller, por “Teresa”
Melhor Fotografia: Matheus Massochini, por “Sobre Um Dia Qualquer”
Melhor Direção de Arte: Guilherme Pacheco, por “Sobre Um Dia Qualquer”
Melhor Música: Sérgio Rojas, por “Jogo do Osso”
Melhor Montagem: Marcos Lopes, por “Sobre Um Dia Qualquer”
Melhor Edição de Som: Cristiano Scherer, por “Livros no Quintal”
Melhor Produtor / Produtor Executivo: Regina Martins, por “Mapa-Mundi”

Festival de Gramado - Corpos Celestes

Por: João Daniel Donadeli

Corpos celestes é um filme que narra a história de Francisco um astrônomo que deve a um acontecimento do passado toda a sua prolífica carreira.
Francisco é um astrônomo bem sucedido que dá aula em uma universidade de Curitiba, fechado em seu próprio mundo tenta conviver com a insignificância do ser humano diante da imensidão do Cosmo.
O filme é narrado em dois tempos um enquanto francisco ainda é chiquinho vivendo sua infância de descobertas em um pequeno vilarejo rural do interior do Paraná e uma segunda parte que é realmente quando começa o filme nos dias de hoje na capital.
Francisco vive apenas para sí, mas Diana uma bela mulher muito à vontade com seu posicionamento com relação ao cosmo, muda sua maneira de perceber o mundo e choca seus sentimentos quando em um dia resolve sumir sem dar noticias.
Enquanto busca por Diana descobre segredos da moça como se estivesse na verdade descobrindo os seus próprios sentimentos dando origem a um retorno no passado para resolver algo que ficou para trás.
Corpos celestes é um filme que tenta mostrar como o homem se preocupa com toda a grandiosidade do universo, mas muitas vezes não volta os olhos para seu interior em busca de seus próprios sentimentos.
O filme que fecha a exibição da mostra competitiva em Gramado ao final foi aplaudido calorosamente, mesmo não sendo um dos filmes cotados para o prêmio há rumores que esteja entre os campeões.
Ficha Técnica:
Corpos Celestes, Brasil 90min HD Ficção
Direção de MARCOS JORGE E FERNANDO SEVERO
Roteirista: CARLOS MAGALHAES,MARIO LOPES,M. JORGE,F.SEVERO
Produtor Executivo: CLAUDIA DA NATIVIDADE
Atores: DALTON VIGH, RODRIGO CORNELSEN
Atrizes: CAROLINA HOLANDA
Atores Coadjuvantes: ALEXANDRE NERO, ANTAR ROHIT, JEFF BEECH
Atrizes Coadjuvantes: Olga Nenevê, Pagú Leal
Diretor de Fotografia: KATIA COELHO
Diretor de Arte: DANIEL MARQUES
Montagem: CAIO COBRA E MARK ROBIN
Música: RURIA DUPRAT
Palavras do diretor antes da estreia:
Quando a gente faz um filme é como construir uma espaçonave, viajem nessa espaçonave e voltem com ótimas lembranças.

Perfil dos Diretores:

Marcos Jorge estreou como diretor com “Estomago”, filme brasileiro mais premiado do ano de 2008, venceu 15 prêmios no exterior e 20 no Brasil.
Fernando Severo já é um conhecido de Gramado ganhou vários Kikitos no festival com os filmes “O mundo Perdido de Kozak”, “Visionários” e Paisagem de meninos”.

Festival de Gramado - Gigante

Por: João Daniel Donadeli

As aparências enganam, um homem grande vestido de preto com camisetas de bandas de rock, aparenta ser um “ogro selvagem”, mas na verdade é um grande bonachão preocupado com as pessoas que estão a sua volta.
Esse homem é Jara um segurança de um supermercado de Montevidéu que vive uma vida pacata jogando videogame com seu sobrinho e cooperando com seus amigos de trabalho, um dia se apaixona por uma jovem que trabalha na limpeza e passa a observa-la pelas câmeras de segurança, com o passar dos dias, esse voyeurismo inofensivo passa a ser uma obsessão e Jara começa a segui-la pelas ruas da cidade.
Assim como Jará apenas observa a moça de longe ou pelas câmeras de segurança o espectador também apenas observa de longe, nunca chegamos a saber quem era realmente aquela garota que despertara em Jará essa obsessão, o foco do filme é inteiramente voltado para o personagem e apenas contemplamos aquilo que ele contempla sem que seja oferecido nenhuma antecipação para espectador.
O titulo Gigante do filme que em um primeiro momento poderia ser ligado apenas a estatura do personagem, sugere também essa “gigante” confusão que causamos por uma coisa que poderia ser resolvida apenas com uma aproximação.
O filme ainda da conta de pincelar temas como o movimento sindical que corre por debaixo dos panos entre os funcionários do supermercado que temem uma demissão em massa.
Gigante é uma filme despretensiosamente gigante, um filme que em sua estreia num dos maiores e mais respeitados festivais do mundo como o de Berlin levou o urso de Prata no mesmo ano em que “La teta assustada” levou o urso de Ouro, é sem dúvida outro grande concorrente ao prêmio de melhor longa estrangeiro, mas o grande sucesso do filme já foi celebrado por ser um dos poucos filme Uruguaios de baixíssimo orçamento que rompem as barreiras do país e ganham repercussão internacional.

Ficha técnica:
Gigante, Urugaui, 2009 – 90 min HD Ficção
Direção de ADRIÁN BINIEZ
Roteirista: ADRIÁN BINIEZ
Ator: HORÁCIO CAMANDULE
Produtor Executivo: AUGUSTINA CHIARINO ,FERNANDO EPSTEIN
Diretor de Fotografia: ARAUDO HERNANDEZ
Diretor de Arte: ALEJANDRO CASTIGLIONI
Montagem: ADRIÁN BINIEZ
Música: ALEJANDRO CASTIGLIONI

Palavras do Ator antes do Filme:
Gigante é uma história de amor, não como essas que estamos acostumados a ver, vejam se apaixonem e curtam...
Perfil do Diretor:
Adrián Biniez nasceu em Buenos Aires, Argentina em 1974, em 2003 mudou-se para o Uruguai onde vive até hoje, fez uma pequena participação no filme “Whisky” dos diretoretores uruguaios Juan Pablo Rebella , Pablo Stoll , trabalhou como roteirista na serie televisiva “El fin del Mundo”. Com seu curta metragem “8 horas” recebeu o prêmio de melhor filme no festival de cinema independente de Buenos Aires e também o primeiro prêmio do festival cinematográfico do Uruguai. Gigante é seu primeiro longa metragem.

Festival de Gramado - Em Teu Nome

Por: João Daniel Donadeli

As profundas feridas provocadas pelo golpe militar de 1964, que instaurou uma sangrenta ditadura no Brasil, ainda não foram totalmente cicatrizadas.
Inspirado neste tenso período da história recente do país, “Em Teu Nome”, é baseado na história real do estudante brasileiro João Carlos Bona Garcia, exilado político da década de 1970.
O filme narra a trajetória de Boni um jovem estudante de engenharia que se vê envolvido na luta armada do início dos anos 70.
Preso e exilado, perambula por vários paises Chile, frança, Marrocos sempre engajado na luta política. Com todas as mudanças ocorridas em sua vida, mergulha em seus pensamentos fazendo uma autocrítica de sua trajetória contemplando hoje sua visão de mundo.
Mais do que exibir cenas explícitas de tortura típicas de filmes sobre este período Em Teu Nome prioriza o diálogo e a ação dos protagonistas, materializando o desejo de liberdade daquela geração.
O mais interessante no filme é sua abordagem humana, é mostrar que pessoas que vivenciaram e sofreram na pele a repressão da ditadura tiveram rosto, família, caráter e muita coragem para superar todas as adversidades.

Ficha técnica:
Em Teu Nome, Porto Alegre- 2009- 100 min HD Ficção
Direção:Paulo Nascimento
Roteirista: Paulo Nascimento
Produtor Executivo: Marilaine Costa
Atores: Leonardo Machado
Atrizes: Fernanda Moro
Atores Coadjuvantes: Nelson Diniz
Cezar Troncoso
Marcos Paulo
Atrizes Coadjuvantes: Julia Feldens
Silvia Buarque
Diretor de Fotografia: Roberto Laguna
Diretor de Arte: Voltaire Dancwardt
Montagem: Marcio Papel
Música: André Trento

Perfil do diretor:
Cineasta nascido no Rio Grande do Sul, tem experiência com publicidade e televisão, tendo dirigido a minissérie A hora do louva-a-deus (1996), veiculada no Canal Brasil e em televisões em Cuba e Portugal. Iniciou a carreira no cinema com o curta O chapéu (1996). Pioneiro do festival de gramado teve seu primeiro longa “Diário de um novo mundo” (2005), lançado no Festival, onde ganhou os prêmios de melhor roteiro e melhor filme pelo público. Em 2007, também no Festival de Gramado, lançou Valsa para Bruno Stein, que rendeu o Kikito de melhor atriz para Ingra Liberato.

Festival de Gramado - Lluvia

Por:João Daniel Donadeli

Lluvia narra um encontro totalmente inusitado entre duas pessoas em um engarrafamento de transito em Buenos Aires de baixo de uma forte chuva que dura três dias.
Após esse encontro improvável em que Roberto entra no carro de Alma para se livrar de uma encrenca, os dois começam a dialogar e conhecer um ao outro.
Alma é uma mulher que está confusa depois de ter saído de casa depois de nove anos de casamento, vagando pelas ruas engarrafadas de Buenos Aires e surpreendida por Roberto e diante de sua solidão busca nesse desconhecido uma pessoa para conversar e compartilhar seus anseios e frustrações.
Roberto é argentino, mas a muitos anos vive na Espanha, depois de trinta anos volta para reencontrar o pai que está em coma e o qual não vê e nem tem noticias desde sua partida, angustiado por buscar uma forma de se encontrar com esse homem do passado sem que aja mais tempo, encontra em Alma uma maneira de processar todo esse desacordo.
Banhados pela chuva, os dois passam três dias se conhecendo e tentando processar suas próprias incertezas medos e angustias.
Lluvia é um filme complexamente humano com diálogos e situações inusitadas que demonstram quão somos passivos com relação a nossas vidas, sentimentos e frustrações.
Com uma belíssima fotografia, trilha sonora idem e um roteiro inteligente e bem resolvido Lluvia é um filme que mesmo tendo sido prejudicado pela exibição após a caótica aparição da rainha dos baixinhos é um forte concorrente a levar o kikito de melhor filme estrangeiro.
Ficha técnica:
Lluvia – Argentina, 2008 -110 min 35mm- Ficção
Direção: PAULA HERNÁNDEZ
Roteirista: PAULA HERNÁNDEZ
Produtor Executivo: JUAN PABLO GALLI-JUAN VERA-ALEJANDRO CACETTA
Atores: ERNESTO ALTERIO
Atrizes: VALERIA BERTUCCELLI
Diretor de Fotografia: GUILLERMO NIETO
Diretor de Arte: MERCEDES ALFONSIN
Montagem: ROSARIO SUAREZ
Música: SEBASTIAN ESCOFET

Palavras da diretora antes da exibição.

No meio do falatório e da confusão causada pela presença da rainha dos Baixinhos, paula meio sem graça disse: “Eu não sou a Xuxa, mas espero que todos gostem do meu filme pois ele representa muito de nós todos”.

Perfil do diretor:
Paula Hernández, é Argentina, formada em cinema, teatro e arte. Trabalha na industria cinematográfica desde 1989. dirigiu mais de 100 comercias publicitários além de longa metragens e documentários. Entre seus filmes de destaque estão os longas “Herencia” e “Família Lugones”.


Festival de Gramado - Corumbiara

Por: João Daniel Donadeli

Corumbiara é um documentário que visa mostrar o processo de mais de vinte anos de luta do indigenista Marcelo Santos para manter vivos os índios sobreviventes de massacres cometidos a mando de latifundiários na Gleba Corumbiara.
O filme tem inicio no ano de 1986 mostrando a busca dos indigenistas para encontrar vestígios de moradias indígenas dentro de fazendas latifundiárias. Os vestígios são encontrados, mas por falta de apoio e sob a ameaça dos latifúndios as investigações findam.
Uma década depois já com o apoio do ministério publico, acabam por encontrar um casal de índios de uma etnia desconhecida. Esse primeiro contato com os índios é um ponto forte do filme por sua tensão gerada pela dificuldade de comunicação e pela experiência de encontrar vidas humanas em plena selva.
O vídeo é exibido por um programa de jornalismo e ganha repercussão nacional, mesmo com provas contundentes da existência desses índios em terras demarcadas o caso é encoberto pelo advogado dos latifundiários e acaba passando por uma farsa.
Com o intuito de buscar provas da existência de índios que presenciaram o massacre ocorrido na gleba Corumbiara os indigenistas pedem auxilio para o casal de índios encontrados para buscar outros índios escondidos na selva e um novo grupo de índios de uma nova etnia é encontrado e mais uma vez cria-se uma atmosfera de tensão e descoberta, porém agora uma tensão gerada não só pelo contato dos indigenistas, mas também pelo encontro de duas etnias distintas em que uma é superior a outra.
Aos poucos as atrocidades e irregularidades cometidas pelas fazendas latifundiárias vão sendo desveladas e a sensação de impunidade e desrespeito com a vida geram um grande desconforto no espectador que se vê impotente diante daquelas denuncias e atrocidades.
Construído com imagens e depoimentos captados ao longo desses mais de vinte anos de pesquisa e luta, o filme revela a versão dos índios desse massacre ocorrido em Corumbiara que impunemente passa despercebido.
Ficha técnica:
Corumbiara, Olinda- PE 2009 – 117 min HD documentário
Direção: Vincent carelli

Perfil do Diretor

Vincent carelli é indigenista a 40 anos, iniciou o vídeo nas aldeias em 1987, um projeto que visa dar voz aos projetos políticos e culturais dos idios.
Com esse projeto Vincent produziu uma serie de documentários sobre os resultados deste trabalho. Atualmente coordena a ONG vídeo nas aldeias em Olinda com o intuito de formar novos realizadores indígenas.

Festival de Gramado - Nochebuena


Por:João Daniel Donadeli


Nochebuena é uma comédia irreverente de humor negro que não se deixa levar por gratuidades, revelando a falência das falsas aparências de uma família aristocrática, a partir da metáfora dos encanamentos dos esgotos que correm por debaixo da terra sem que ninguém saiba o que neles ocorre.

Acontece que quanto os encanamentos entopem a sujeira vem a tona. Em plena noite de natal como a diz o próprio titulo, uma farsa familiar é revelada desmascarando toda a ostentação de um família da aristocracia rural de Bogotá.

O filho caçula Bernardo um malandro e investidor da bolsa de valores vive dando seus golpes inclusive na empregada da casa, mantém um relacionamento as escondidas com sua cunhada Esmeralda e fugindo do pai da moça um poderoso político local com o qual matem negócios obscuros.

Seu irmão é um falido funcionário público que vive de bebedeiras e traz duas amigas do trabalho para festejar a noite de natal, a matriarca da família luta para ostentar a sua posição aristocrática e, no entanto está mais falida do que os próprios filhos, esperando que um casamento arranjado com uma vizinha e rica fazendeira com seu filho caçula, solucione seus problemas econômicos.

Em pouco tempo os encanamentos da mansão colonial começam a apresentar problemas e metaforicamente sugerir que também alguma sujeira virá a tona e não demora para que isso aconteça, pois antes de anoitecer o governador Uldarico aparece sem ser convidado para passar a noite de natal e reivindicar o que é seu, causando o desmoronamento das aparências e trazendo a tona toda farsa familiar.

Com esse conjunto de estereótipos reunidos, a vizinha rica e religiosa, a mãe falida e cheia de aparências, o filho malandro, a nora adultera, e mais alguns personagens que compõem a trama essa comédia tem seu ponto forte no roteiro que sugere essa metáfora de que os esgotos estão sempre no subterrâneo, mas uma hora a sujeira aparece revelando toda a hipocrisia de uma classe social que vive em um mundinho fechado de costas para a realidade.

Ficha técnica:
Nochebuena – Colômbia, 2008 – 84 min HD- ficção
Direção: Maria Camila Loboguerrero
Roteiro: Maria Camila Loboguerrero, Matias maldonado

Palavras do diretor antes da estreia:

A diretora cita Glauber Rocha com “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e diz que o cineasta latino-americano tem que apontar suas lentes para o próprio continente e ainda sobre o filme diz que é apenas uma “Farsa Colombiana”que acontece nas melhores famílias.

Perfil do diretor:
Maria Camila Loboguerrero é mestre em belas artes pela universidade dos Andes, Bogotá, licenciada em historia da arte pela universidade de Sorbone e especialista em cinema antropológico e documentário também pela Sorbone. Em 1970 obteve ainda outra licenciatura em cinematografia pela universidade de Vincennes. Como diretora de cinema, se destacam seus longas “Maria Cano” e “Com su música a outra parte”, além de sete curtas e quatro documentários.

festival de Gramado - Cildo


Por:João Daniel Donadeli

Memória é o melhor lugar para uma obra de arte, memória é aquilo que a gente perde sempre que precisa dela. (Cildo Meireles)

Cildo meireles é o artista plástico brasileiro de maior destaque internacional com obras expostas nas principais galerias de arte e espaços culturais do Brasil e do mundo.
Por esse motivo já seria interessante um documentário sobre sua obra, mas além de tudo Cildo também é uma figura divertida e cativante.

Tendo a intenção de retratar a obra de Cildo por suas próprias palavras e criações o diretor paulista Gustavo Rosa, mergulha no universo inconsciente do artista e traz para a tela do cinema a tradução audiovisual d e suas obras.
Fazendo uso de imagens de um antigo filme dirigido por Wilson Coltinho em 1979 chamado “Cildo Meireles” também sobre as obras do artista, Gustavo faz um comparativo das mudanças de suas obras de ontem e de hoje.

Para ilustrar as falas do artista, mas sem cair na obviedade, o documentário mostra imagens do homem na lua para demonstrar a ideia principal do artista que é estar entre o filme e a platéia, entre a terra e a lua como esteve Michael Colins rondando em volta da lua enquanto seus companheiros pisavam em solo lunar.

As instalações do artista são mostradas com ruídos e sons disformes e desconexos, mas que muitas vezes sugerem uma possível experiência com a obra, como se o espectador estivesse vivenciando e interagindo com a instalação criando esse vinculo de participação do individuo com a obra do artista, o mesmo que espectador ativo.

Com extrema clareza e reverência Cildo em seus depoimentos percorre temas filosóficos e complexos discorrendo sobre arte conceitual, perecibilidade e descartabilidade, porém com uma simplicidade oral que mostra a intenção democrática do artista de atingir não somente a elite intelectual, mas a todos.

Ficha técnica:
Cildo- Rio de Janeiro, 2008-78min HD –Documentário
Diretor: Gustavo Rosa

Perfil do diretor:

Gustavo Rosa de Moura, Nasceu em são Paulo no anode 1975, formou-se em arquitetura na USP e mudou para o Rio de Janeiro. Realizou projetos de museografia e instalações multimídia. Em 2003 passou a atuar como freelancer realizando projetos de cenografia e multimídia. Iniciou a carreira de documentarista trabalhando independente, e no ano de 2008 uniu-se a Carlito Carvalhosa e Mari stockler para montar o Estúdio Duas Águas.

Festival de Gramado - La Teta Asustada


Por: João Daniel Donadeli

Uma campanha terrorista imposta pelo governo peruano na zona rural ao longo dos anos oitenta para conter grupos de oposição ao governo, rechaçou os insurgentes e conseguiu suprimi-los em grande parte antes do fim dos anos noventa, mas essa luta foi ofuscada por atrocidades cometidas pela força de segurança peruana aos povoados indigenas nos Barrios Contraltos e La Cantuta onde mulheres foram estupradas, casas saqueadas e homens mortos em frente a suas famílias.

Esses exemplos chegaram a ser vistos como símbolos das violações de direitos humanos.
La teta assustada é uma “doença” de crença indígena que diz que a criança que nasce fruto de um estupro é contaminada pela mãe com seu leite e a criança está sujeita a viver sem alma e é a partir desse mito popular indígena que Claudia Llosa constrói a sua metáfora para subverter a ideologia de um povo reprimido que só pode se expressar através de seus mitos medos e traumas.

O filme narra a saga de uma garota portadora da “doença” que luta para enterrar a mãe em seu povoado, mas é impedida por forças contrarias.
Fausta ( Magaly Solider, de “Madeinusa”) é uma garota recatada e amedrontada que vive em uma favela da periferia de Lima, fruto de uma dessas atrocidades, teve a mãe estuprada e o pai morto pela campanha terrorista e agora após a morte da mãe, busca uma maneira de leva - lá de volta ao povoado onde nasceu para ser enterrada.

Para isso Fausta arranja um novo trabalho na casa de uma pianista famosa além de trabalhar com o tio em cerimoniais de casamentos enquanto sua mãe se deteriora enrolada em tecidos após um ritual para conservação do corpo.
Uma tradição indígena andina diz que para romper nossos medos devemos cantar e é assim que Fausta resolve seus medos cantando e um dia uma dessas canções de lamento encanta a patroa e um pacto é feito entre as duas, porém por orgulho a patroa rompe o pacto e deixa a garota na mão.

Envoltos em cerimoniais de casamentos e com o casamento da prima nos próximos dias a mãe que já está a dias morta, precisa ser enterrada, mas a cova feita no fundo do quintal já se transformou em piscina para as crianças.

Um impasse não deixa que as coisas aconteçam, é como querer gritar e ser calado pela própria voz, é essa metáfora de se viver em uma país amedrontado e traumatizado sem ter voz para falar e ser ouvido, é um corpo feminino que expressa esse vazio que precisa ser preenchido, é uma angustia que precisa ser acalmada é o pavor de encontrar com algo diferente e perder o controle.

Premiado com o Urso de ouro em Berlim (2009) La Teta asustada é um filme simples com uma estética extremamente realística com belíssimas atuações e com um tema que reflete não só a vida em um pais reprimido, mas a história de maus tratos e resistência da América - latina.

Ficha técnica:
LaTeta Asustada- Peru-espanha, 2009-95min
Diretor: Claudia Llosa
Roteiro: Claudia Llosa
Elenco: Magaly Solider

Perfil do diretor:

Claudia Llosa, peruana, 32 anos cineasta dirigiu “Madeinusa”(2006) que recebeu o prêmio de melhor filme pela Federação internacional de Crítica Cinematográfica, prêmio que novamente recebe com “La Teta Assustada” além do urso de Ouro no Festival de Berlim. Forte candidata para levar o kikito de Ouro em Gramado.

Festival de Gramado - Canção de Baal


Por: João Daniel Donadeli
Canção de Baal é um musical baseado e inspirado na obra de Bertoldo Brecht que retrata a vida de um músico e compositor excêntrico um tanto hippie em busca de seu tempo.
Vanguardista e experimental o filme quebra todos os protocolos do cinema tradicional com uma câmera frenética em alguns momentos e com uma belíssima fotografia que revela plasticamente o céu brasileiro.

O filme nasce da vontade da diretora Helena Ignes de Homenagear e mostrar esse autor e artista que foi Brecht e o qual acompanhou toda a trajetória.

Despudorado, poético e lúdico, o músico busca romper com toda a hipocrisia machista, exacerbada e pré-concebida, causando um encanto em todas as mulheres.

Após ser convidado para um evento social na casa de um madeireiro predador, o músico recusa uma proposta de ascensão social respondendo com deboches e escandalizando os convidados da sociedade local, optando por uma vida fora das colunas sociais.

Einstein figura pop clássica e também autor da teoria da relatividade compõem essa trama, observando de perto os personagens e discursando sobre sua teoria da relatividade.

Canções e letras nos levam ao entendimento das cenas propostas e propõem possibilidades de nos manifestarmos contra todo esse “depressionismo” contemporâneo.
Ainda nessa fabula Musical e antropofágica, podemos contemplar a voz de brecht e a entrevista de Einstein no Brasil quando foi comprovada a teoria da relatividade.

Ficha técnica:
Canção de Baal – São Paulo, 2008- 77min HD – Ficção
Diretor: Helena Ignes
Roteiro:helena Ignes
Elenco: Carlos Careqa, simone Spoladore

Palavras da diretora antes da estréia:
Canção de Baal é um filme que tem me dado muito orgulho, fiquei surpreendida quando na primeira exibição veio um rapaz me dizer : Helena Ignes, então quer pode não é. Achei isso sensacional por que as pessoas estavam percebendo o quanto elas podem se manifestar.

Perfil do diretor:
Helena Ignes, é figura de destaque na cultura Brasileira. Conhecida como a musa do Cinema Novo, integrou inúmeros movimentos de vanguarda.
Com 40 anos de produção e atuação no cinema brasileiro foi homenageada em 2006 pelo 20º Festival de films de Fribourg, Suíça, onde foram exibidos 25 filmes em que atuou, produziu e dirigiu. Atualmente finaliza o longa-metragem “Luz nas trevas – a revolta de luz vermelha” que divide a direção com Icaro Martins com roteiro de Rogério Sganzela que dirigiu “O bandido da luz Vermelha” na década de sessenta.

Festival de Gramado - La proxima estacion


Por: João Daniel Donadeli

Parecíamos soldados derrotados entregando nossas armas.( ex funcionario sobre o fim de uma das ferrovias)
O caos do transporte ferroviário argentino após as privatizações das empresas estatais é a justificativa para esse documentário político de denuncia social.
Fernando Solanas com todo o seu ardor ferrenho, desfere sobre a política publica dos transportes sua ousadia em entrevista de confronto para demonstrar como os políticos são responsáveis por esse colapso que houve nos transportes ferroviários.
Partindo de imagens de arquivo com antigos depoimentos que conferem ao filme uma verdade inquestionável demonstra como eram as inúmeras estradas de ferro que cortavam o país para o que é hoje após as privatizações, apenas vinte por cento das ferrovias ainda funcionam.
Usando do artifício clássico do cinema documental com entrevistas e locução of o documentário adentra ao universo dos ferroviários e desvela segredos guardados por antigos governos para beneficiar interesses estrangeiros de multinacionais.
Com a proposta de reconhecer o que são os bens públicos e qual o direito que o povo tem sobre eles, questiona lideres políticos que seriam os responsáveis por defender os interesses públicos, mas que se mostram desentendidos sobre os casos de saques de materiais que viraram sucatas em depósitos abandonados, levando a platéia a se exaltar pela indignação causada.
Pequenos vilarejos que tinham suas únicas fontes de renda nas ferrovias agora se mostram cidades fantasmas, famílias foram separadas pelas desativações e aqueles que ficam, lutam para manter os espaços das antigas estações funcionando para outros fins, como oficinas culturais, mas a maioria migrou para as grandes cidades contribuindo para o caos urbano.
Dessa forma o filme constrói uma recente problemática que reflete o país, sendo o quarto filme de uma série de cinco que partem da crise Argentina ( 2001- 2002) abordando temas da sociedade contemporânea como: democracia, corrupção, privatizações, pobreza e crise energética.
Ficha técnica:
La proxima estacion - Argentina 2008, 107 min - Documentário
Direção:Fernando Solanas


Perfil do diretor:
Fernando Solanas nasceu em Olivos, Buenos Aires, em 1936. estudou teatro, música e direito antes de se dedicar ao cinema. Suas obras estão diretamente ligadas ao seu compromisso e militância política. É constantemente solicitado para ser júri de festivais cinematográficos. Professor emérito da universidade de Los Angeles (UCLA) e Universidade Nacional de San Martín (UNSAM). Publica periodicamente artigos sobre cinema, política e cultura e veículos da América-latina e Europa.

Festival de Gramado- Quase um Tango

Por: João Daniel Donadeli

A vida é como a casca de um ovo, uma hora quebra e derrama tudo.(personagem do filme)

Quem sabe que caminhos tomará nossas vidas, então estejamos de braços abertos para recebê-la, é o que sugere Sérgio Silva em seu novo longa metragem.
Acostumado aos filmes épicos como “Anahy de las missiones”(1997) que tem como tema a revolução farropilha o diretor dessa vez faz um filme com temática contemporânea.
Inspirado na Novelle vague Quase um tango revela um pouco da cultura rural riograndense e busca mostrar nossos medos e anseios diante do acaso.
O filme abre com um longo plano fixo de um lago com um pequeno barco a deriva, sugerindo nossa falta de controle sobre as possibilidades de nossas vidas.
Logo após somos apresentados ao camponês de vida simples e solitário com sua cuia de chimarrão e a companhia do Baio(cavalo).
Esse camponês é Batavo ( Marcos Palmeiras) um homem, que vive uma vida simples e solitária num sitio afastado da cidade esperando que a vida seja generosa com ele.
Com o passar dos dias procura uma família próxima para pedir a mão da “Prenda da casa” em casamento esperando que essa seja a solução para suas noites de angustia, mas uma desilusão após o casamento muda de vez a sua vida e sozinho migra para a cidade grande em busca de uma nova razão para viver.
Morando na cidade grande, mas sem perder os hábitos e simplicidade do campo, Batavo conhece Letícia (Vivianne Pasmanter) uma jovem inteligente e descontraída que conquista o coração do ex-camponês.
Após algum tempo vivendo na cidade casa-se com Letícia e vive uma vida maravilhosa trabalhando em seu armazém e paparicando a mulher que espera um bebê.
Tal como a vida que nos oferta as coisas mais impensáveis possível, o acaso reservava para Batavo muitas surpresas e pedia que ele as recebesse de braços abertos ao som de um tango.

Ficha técnica:
Quase um tango: Porto Alegre-RS, 2009 – 103 min HD – Ficção
Diretor:Sérgio Silva
Roteiro: Sérgio Silva
Elenco: Marcos Palmeiras, Vivianne Pasmanter

Palavras do diretor antes da estréia.
Quando questionado sobre o que o público poderia esperar de seu trabalho: "eu não tenho o que apresentar. É um filme sobre a simplicidade e os medos da vida. A gente tem medo de muita coisa. Do filho que pode nascer, da Influenza A e do Sarney".
Perfil do diretor:
Sérgio Silva, foi professor da Universidade federal do Rio Grande do Sul, no departamento de artes dramáticas e comunicação social. Foi membro do conselho estadual de cultura e crítico de cinema, além de ator, diretor teatral e cineasta. Dirigiu seu primeiro filme de curta metragem em 1969, realizando até o momento 19 filmes.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

DOCTV IV - Morro do céu


Por: João Daniel Donadeli


No alto de uma montanha da Serra Gaúcha, demora-se o vilarejo Morro do Céu, uma comunidade de descendentes de italianos que foi palco para o documentário homônimo.

Morro do Céu, dirigido por Gustavo Spolidoro (de Ainda Orangotangos), contempla o universo jovem, com suas vivências, conflitos e descobertas.

Parte da proposta de observação direta do cotidiano do jovem Bruno Storti, personagem que conduz a narrativa, sem recorrer a entrevistas “posadas”, aproximando-se do que se denomina cinema direto, mas com uma particularidade ímpar.

A proximidade com Bruno resulta na revelação das inseguranças do rapaz, como o primeiro amor e o sufoco para fechar as notas do colégio no final do ano, e também na celebração da amizade e da camaradagem do rapaz e seus amigos.

O documentário se assemelha, assim, ao filme Conta Comigo, dirigido por Rob Reiner em 1986, em que um grupo de amigos de pequeno vilarejo vive os dias de verão buscando aventura nos trilhos do trem, se autodescobrindo e antecipando uma nova fase de suas vidas.

Para o espectador, o jovem Bruno serve como condicionante para o mergulho em nossas próprias experiências, em nossas memórias de adolescência, numa nostalgia encantadora. Revivemos, com Bruno, essa fase mágica e efêmera de nossas vidas, sonhando com que o boletim fosse outra vez o maior problema de nosso mundo.

A vida de um adolescente num vilarejo rural, com uma repressão social própria, em que todos são observados por todos, se descortina não só na timidez aparente, mas também na ingenuidade do jovem em sua autodescoberta e na intenção de desbravar novos caminhos, de países longínquos, como o próprio Bruno revela numa conversa com os pais.

A maneira encontrada para levar ao cinema essa proposta experimental, descompromissada com rótulos de gênero, é reveladora de uma realidade que só se obtém pela cumplicidade de todos.

Gustavo Spolidoro, o diretor, trabalhou sozinho, captando aquilo que decorria diante das lentes, numa ousadia que talvez não funcionasse com uma equipe. A opção pela intimidade inclusive técnica, sem a parafernália tipicamente cinematográfica, de tripés, refletores, gruas, trilhos etc., colocou todos em posição de igualdade.

Por isso a câmera “sumiu” e a realidade despontou.

Morro do Céu (Brasil, 52 min.)
Autor e diretor: Gustavo Spolidoro