quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DOCTV - Audácia



Pouco se sabe sobre a "Operação Barriga Verde" que ocorreu no ano de 1975 em Santa Catarina para reprimir a resistência anti-ditadura. Durante a operação, quarenta e dois militantes foram presos e torturados, entre eles mulheres e homens intelectuais acusados de serem comunistas e pertencerem ao PCB.

O documentário "Audácia" de Chico Pereira, rememora a "Operação Barriga Verde" trazendo fatos contundentes do recente período de ditadura militar, revisitando a colônia penal Canasvieiras e revelando a história pela voz dos próprios personagens desse episódio de torturas.

Por meio de entrevistas e depoimentos o documentário sugere uma crônica dos acontecimentos revelando a história a partir das particularidades de cada personagem de maneira intimista e não apenas expondo personagens históricos.

Antigos carcereiros falam sobre os conflitos e questionamentos gerados pelo trancafiamento de estudantes, intelectuais e sindicalistas sem que houvesse uma condenação ou mesmo uma acusação pertinente, fato que desarticulou o efetivo levando a prisão o capitão da PM Nelson Coelho responsável pelo grupo de presos políticos da colônia penal.
Sobreviventes e ex-presos políticos da época revelam os episódios de suas prisões e torturas, falam sobre a convivência com presos comuns e expõem todas as suas indignações pelo regime ditatorial que subtraia toda a forma de dignidade do Homem apenas por divergirem do sistema de aprisionamento de pensamentos impostos pela ditadura.

O documentário é construído de forma que um questionamento seja gerado pelo espectador, o mesmo questionamento e desconforto que sentimos todas as vezes em que por meio de fotos ou mesmo filmes, revisitamos os obscuros episódios do recente atentado violento a qualquer forma de pensamento livre, causada pela ditadura militar.

"Penso, logo existo" a famosa máxima de Descartes, era algo impensável para a época, pois qualquer um que pensasse, não mais existia, ou seja, as pessoas eram torturadas e mortas apenas pelo que pensavam.

Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autora: Zuca Campagna
Diretor: Chico Pereira
Co-produção: Zuleica Campagna | Preview Televisão e Cinema | TV Cultura de Santa Catarina | ABEPEC - Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais

DOCTV - Sangue do Barro



A década de noventa foi marcada pela mídia sensacionalista, programas televisivos que buscavam de forma tosca e sem o mínimo de ética trazer fatos distorcidos, e violentos para um público desavisado.

Lançando mão de um fato ocorrido no interior do Rio Grande do Norte na cidade de Santo Antonio do Barreiro onde Genildo Ferreira de França , um ex militar do exercito cometeu o assassinato de mais de dez pessoas entre parentes e vizinhos num período de 24 horas, o documentário "Sangue do Barro" dirigido por Mary Land Brito e fabio de Silva, busca discutir o papel sensacionalista da imprensa na elaboração do palco armado para noticiar o fato, distorcendo e espetacularizando as ações do assassino.

Por meio de depoimentos de militares que acompanharam a perseguição do assassino, pessoas da comunidade, parentes das vitimas e do assassino, "Sangue do Barro" vai desvelando o espetáculo criado pela mídia para reportar o caso e põe em discussão o comprometimento da mídia com espetacularização da violência, uma semana antes dos crimes Genildo, havia enviado uma carta para um desses programas sensacionalistas pedindo espaço para afirmar sua masculinidade já que no vilarejo sofria zombarias, como não obteve resposta iniciou uma onda de assassinatos de parentes, vizinhos e de pessoas que cruzavam o seu caminho.

Imagens de arquivo da cobertura do crime revelam o palco armada pela imprensa sensacionalista para manter a audiência, mostrando corpos feridos a bala estirados pelo chão com uma certa participação do povo local já acostumados a esse tipo de cobertura mal intencionada, que repercutiu por mais de uma semana na mídia do gênero.

O fato foi acompanhado passo a passo por milhares de pessoas no Brasil e em outros países gerando um grande problema para a população local que após o ocorrido sofria com a ideia de pertencer ao vilarejo do assassino, causando inúmeros problemas socioeconômicos para a região.


Dessa forma o documentário abre uma reflexão sobre a participação da mídia na formação intelectual da sociedade que absorve e consome esse tipo de noticiário criando situações para que pessoas buscando a visibilidade social tomem atitudes impensadas para ter os seus quinze minutos de fama, numa sociedade onde o espetáculo contemporâneo é o sangue derramado.

Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autora: Mary Land Brito
Diretores: Mary Land Brito e Fabio DeSilva
Co-produção: Mary Land de Brito Silva | Engady Cine Vídeo | TV Universitária - RN | ABEPEC - Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais

DOCTV - Garimpo do bom presente


No final da década de oitenta a descoberta de uma jazida de cassiterita em Rondônia mobilizou mais de 40 mil homens em busca do ouro negro. A pequena vila rural se transformou no maior garimpo a seu aberto do mundo, mas a extração predatória e descontrolada extinguiu a cassiterita e hoje os poucos garimpeiros que resistem, vivem uma situação de risco lutando contra as maquinas das grandes mineradoras que a altos custos reviram a terra trazendo para a superfície o minério enterrado.

O documentário"Garimpo do bom presente" a partir de depoimentos de antigos garimpeiros que ainda residem na região que ficou conhecida como Bom futuro, refaz a trajetória do garimpo desde sua descoberta com a ocupação de milhares de garimpeiros vindos de todas as regiões do pais, a desarticulação econômica da região com o fim do garimpo, até os dias de hoje com a perspectiva de um "bom futuro"com a criação da

Escola da Vila que recebeu um prêmio da UNESCO pela erradicação do trabalho infantil, os filhos dos garimpeiros agora tem uma nova chance para não ficar a mercê da única fonte de renda da região.

As marcas da destruição da floresta causada pelas grandes mineradoras e pela multidão que invadiu a região com o sonho de ficar rico, estão por toda parte e podem revelar que ouve ali uma corrida desenfreada por um minério a qualquer preço e hoje a região paga caro pela destruição e pela falta de perspectiva econômica já que a cassiterita é a única fonte de renda dos poucos garimpeiros que ainda resistem na vila.

O documentário estabelece um paralelo entre o fim do garimpo e a possibilidade de uma nova perspectiva, mas o que se vê, é que, mesmo com a nova proposta da Escola da Vila, ainda existe resistência por parte das famílias em absorver essa nova perspectiva sociocultural que modifica a visão dos jovens com relação a preservação socioambiental, mas não traz um a alternativa econômica para a região.


Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autor e Diretor: Alex Badra
Co-produção: Alex Corrêa Badra | Ágil Publicidade e Propaganda | Fundação Iaripuna | ABEPEC - Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais

DOCTV - O presente dos antigos


A identidade cultural de um povo está em seus atos, manifestações, comportamento e língua, a busca pelos resquícios culturais de seus ancestrais é uma forma de resgate de antigos costumes para a afirmação dessa identidade cultural.

O povo Xacriabá, indígenas da região norte de Minas Gerais, após uma longa luta pela posse da terra em que se localiza a aldeia com o latifúndio local, buscam resgatar suas raízes culturais a partir de pinturas rupestres feitas por seus antepassados de uma antiga civilização.

Esse é o mote que permeia o documentário "O presente dos antigos" realizado por dois índios Rânison e Zé Reis Xacriabá e dirigido por Rafael Otávio Fares Ferreira idealizador do projeto.

O pano de fundo para revelar os aspectos culturais do povo Xacriabá surge de uma expedição para a região onde se encontram as pinturas deixadas pela antiga civilização em um gruta. A partir dessas pinturas encontradas nas cavernas os indígenas buscam reinventar suas pinturas corporais consolidando suas antigas tradições com referências próprias.

Um episódio da luta pela posse de terra é recriado e encenado pelos próprios índios, o assassinato de um dos lideres do movimento, que foi morto dentro de sua própria casa pelos capatazes dos latifundiários, um fato agressivo e marcante que trás para o filme o peso da luta de outrora e que agora em tempos de "paz" é rememorado para expurgar os fantasmas do passado.

Em síntese o documentário revela a luta do povo Xacriabá para reafirmar suas raízes históricas e perpetuar seus costumes para as gerações futuras em um mundo globalizado onde as identidades culturais se perdem e não mais são suficientes para distinguir as inúmeras formas de manifestação e comportamento de um povo.

Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autor e Diretor: Rafael Otávio Fares Ferreira
Co-produção: Rafael Otávio Fares Ferreira | Cinco em Ponto | Rede Minas