quinta-feira, 27 de agosto de 2009

DOCTV: O Rei do Carimã

Por: João Daniel Donadeli

O documentário “O Rei do Carimã” busca resgatar um acontecimento obscurecido por anos pela família da diretora Tata Amaral e que no dia do enterro de sua mãe vem à tona por um comentário de um de seus tios, esse acontecimento diz respeito ao já falecido pai da diretora, que na década de 1950 negociava resíduos de algodão conhecido como Carimã.

O comentário feito pelo tio revelava que no passado seu pai havia sido um homem bem sucedido e que por um negócio mal sucedido com uma empresa americana na aquisição de uma grande quantidade de Carimã teria sido processado por ter feito o pagamento com um cheque sem fundos e fugido para o mato grosso para não ser preso.

Esse fato motiva a diretora a empreitar uma busca para desvendar esse segredo guardado por anos por sua família e consequentemente a realização desse documentário.

Em conversas informais com seus tios, o segredo vai sendo desvendado e causando uma inquietação maior na diretora, em um primeiro momento somos apresentados a Joaquim Amaral (Pai) um jovem bem quisto e admirado pela família e que aspirava sua predileção empreendedora, mas logo após tomamos conhecimento de novos fatos e o documentário tem um novo foco, não mais um segredo de família e sim um inquérito policial.

Alternadamente, enquanto as imagens revelam a busca de um pai desconhecido, na ilha de edição Jean Claude Bernardet, põem a diretora no divã questionando-a quanto a sua motivação em fazer o documentário colocando assim o filme num plano metalingüístico e expondo a sua construção.

O Rei do Carimã expõe intensamente a diretora que torna público um segredo escondido por anos em família, mas a maior exposição de Tata é quando recebe a noticia da condenação de seu pai por estelionato, sua lagrimas correm pelo rosto enquanto uma voz off, possivelmente de sua filha diz: “não acho que isso deva aparecer no documentário”.
Com o processo resgatado em mãos sabemos que seu pai havia de varias formas tentado fazer o acerto de contas, porém a inflexibilidade da empresa americana impossibilitava qualquer negociação levando o processo até as últimas.

O mais intrigante nesse documentário não é a questão de uma diretora renomada expor sua intimidade familiar em um documentário mesmo que fosse para limpar publicamente o nome de seu pai, e sim a questão que surge sobre a convivência da filha com o pai que não lembra nem mesmo se teria participado de seu enterro, e até a realização desse documentário não havia nem mesmo visitado sua sepultura, aparentemente a maior motivação para a realização desse filme é a aproximação da filha com o pai que não conheceu.

Ficha Técnica
Duração: 52 minutos
Autora e Diretora: Tata Amaral
Co-produção: Tata Amaral Tangerina Entretenimento Fundação Padre Anchieta – TV Cultura


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